Os últimos 100 metros da Travessia de Guaratuba, ontem, entre a Praia do Cristo e a Praia de Caieiras, foram os que a professora aposentada Maria Helena Rigel Eggert, 52 anos, mais gostou dos 1,3 mil metros que nadou. Ela nem se importou com o tombo que sofreu. Até porque foi a atleta mais aplaudida ao chegar à areia entre os 222 participantes da prova.
A felicidade era a de quem enfrentava – e vencia – pela primeira vez o mar revolto. Com a perna esquerda paralisada desde que tinha 1 ano, por causa da poliomielite, a catarinense de Guaramirim passou mais de uma década praticamente sem andar sozinha, quando, a partir dos 36 anos, começou a sofrer com as dores da escoliose e abandonou as idas à praia.
“Um médico me disse que eu não chegaria a completar 45 anos. Uma vez, vi meu filho pequeno ser atropelado. Paralisada, nada pude fazer”. O resultado foi uma depressão.
Encontrou outro médico que, antes de tratar a perna, ajudou-a a recuperar a auto-estima e, então lhe indicou hidroterapia. “Não deu certo. Então tentei a natação. Nos primeiros seis meses, sentia dores terríveis. Mas persisti e fui aumentando distâncias”, conta.
A primeira travessia no mar de Maria foi há oito anos. “Em uma praia mansa, tranquila”, lembra. Foi o suficiente para, flutuando na água salgada, ter a sensação de autonomia que já não sentia nas curtas caminhadas, amparada por muletas e ajuda de familiares. Não parou mais. Voltou a trabalhar, no mercado que comprou com o marido. E em sua estreia em águas paranaenses ontem, diz que fez sua melhor prova. E avisa: vai voltar para a travessia do ano que vem.
Fonte: Gazeta do Povo
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